Apotheosis Part III

É no sótão da casa de Hel que se encontra Egoismus, mascando pensativo, abstrato e contemplativo algum abjeto nutrimento.

Passos ecoam nas escadarias, Egoismus tenta associar o ruído com o corpo do indivíduo incógnito aproximando-se.

- Melpômene -  Sussurra pra si mesmo, enquanto acomoda rapidamente o cabelo com as mãos e ao mesmo tempo procura uma postura venerável na sua cadeira  furtada de uma velha druida senil.

A porta de cedro abre-se, revelando o  visitante emblemático.

Balder fita curiosamente o interior do aposento, absorto nos inúmeros detalhes, até perceber-se da figura por detrás da mesa. Egoismus aparente desgosto e frustração.

- Oh, boa noite Ego – Balder aproxima-se, sentando em frente à mesa, ainda fitando admirado os inúmeros objetos cuidadosamente assentados nas prateleiras.

- Boa? Consideras ainda as noites ainda  boas? Nada mal para um morto-vivo – responde Egoismus, voltando a ruminar lentamente – Já lhe adiantarei que não tenho interesse em lhe entregar o artefato – Egoismus descansa os braços e fita o pálido visitante, praticamente mandando-o embora com um olhar de desaprovação.

-Haha, o velho insolente Egoismus de sempre – gargalha forçosamente Balder – Na verdade, vim propor uma troca.

Egoismus levanta uma sobrancelha.

-Lhe oferecemos um valor absurdo Ego, valor suficiente para que saia do rabo de Hel, valor este para que construas teu próprio castelo, ou seja lá que antro prefiras habitar.

Egoismus masca seu chiclete.

-Estou falando de uma grande importância – articula Balder, aparentando uma seriedade mórbida.

Egoismus masca seu chiclete.

-Pense bem, não precisarias mais preocupar-se com favores daqueles elfos sujos  - Balder fala quase sentindo a vitória.

Egoismus masca seu chiclete.

-Pense nas ninfas.

Egoismus fica estático. Os dois fitam-se por terríveis segundos de silêncio constrangedor.

- Proponho uma troca – profere Egoismus, voltando à sua atividade mandibular.

-Troca? – É a vez de Balder levantar a sobrancelha do questionamento.

- Traga-me a mão direita de Tyr.

- Você está louco? Estamos falando de Tyr!! – Esbraveja Balder.

- Estamos falando do prepúcio de Cristo – retruca Egoismus.

- Não posso. Não, não, não posso, você é doente Egoismus, você é doente e maldito! – Balder levanta-se, caminha até a porta e contém-se um momento antes de sumir na escadaria abaixo. – Verei o que pode ser feito.

A porta fecha-se, som de passos ecoam degraus abaixo.

Egoismus continua seu mascar incessante por alguns minutos, então levanta-se, abre um armário sépia, pega um vidrinho que contém um líquido amarelado e nele cospe um pequeno aglomerado de pele disforme.

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