Virgílio hesita em sentar, a cadeira exótica forrada com padrões celtas e entalhes minuciosos aparenta séculos de existência, seu traseiro não mereceria tanto.
Egoismus permanece entretido com alguma assimetria inexistente nas próprias unhas.
"Você magoou Beatriz." Interrompe o velho Virgílio.
"Não que tenha me esforçado." Murmura Egoismus, sem interromper sua tarefa estética.
Virgílio retira um ramo seco do bolso e larga por sobre a mesa, igualmente ornada com os malditos padrões celtas.
Egoismus examina o objeto alguns instantes, abre uma gaveta retirando dela um fino pedaço de papel e começa a esmigalhar o ramo por sobre este.
"É uma mandrágora, Ego."
"De fato."
O velho apóia-se na mesa aproximando-se do homem à sua frente, arriscando uma voz mais imponente:
“Não sou como Beatriz, quero uma resposta, e agora!”
“Não há respostas Virgílio.”
Virgílio dirige-se à janela, fitando o nada:
"Permaneces inflexível como uma pedra.”
“Sou a pedra na uretra de Sísifo.”
Através do reflexo do vidro, Virgílio acompanha por alguns minutos a ocupação do colega:
“Você não vai fumar esta merda Egoismus.”
“Decerto, irei comê-la.”
Virgílio dirige-se para a porta, exalando um ar de que algo pior irá acontecer.
“Trarei Melpômene.”
Egoismus não esconde um sorriso sarcástico.
Um comentário:
de fato, estou chegando!
;)
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