Apotheosis Part II

Virgílio hesita em sentar, a cadeira exótica forrada com padrões celtas e entalhes minuciosos aparenta séculos de existência, seu traseiro não mereceria tanto.

Egoismus permanece entretido com alguma assimetria inexistente nas próprias unhas.

"Você magoou Beatriz." Interrompe o velho Virgílio.

"Não que tenha me esforçado." Murmura Egoismus, sem interromper sua tarefa estética.

Virgílio retira um ramo seco do bolso e larga por sobre a mesa, igualmente ornada com os malditos padrões celtas.

Egoismus examina o objeto alguns instantes, abre uma gaveta retirando dela um fino pedaço de papel e começa a esmigalhar o ramo por sobre este.

"É uma mandrágora, Ego."

"De fato."

O velho apóia-se na mesa aproximando-se do homem à sua frente, arriscando uma voz mais imponente:

“Não sou como Beatriz, quero uma resposta, e agora!”

“Não há respostas Virgílio.”

Virgílio dirige-se à janela, fitando o nada:

"Permaneces inflexível como uma pedra.”

“Sou a pedra na uretra de Sísifo.”

Através do reflexo do vidro, Virgílio acompanha por alguns minutos a ocupação do colega:

“Você não vai fumar esta merda Egoismus.”

“Decerto, irei comê-la.”

Virgílio dirige-se para a porta, exalando um ar de que algo pior irá acontecer.

“Trarei Melpômene.”

Egoismus não esconde um sorriso sarcástico.

Um comentário:

Nanda disse...

de fato, estou chegando!
;)